Importância das Conexões e Engajamento Interno nas OSCs

Na semana passada, finalizamos o primeiro de três módulos de formação de OSCs em sustentabilidade financeira, programa criado pela Fundação Salvador Arena, em parceria com a Mobiliza.

O programa é pensado em 3 módulos. O primeiro deles é uma espécie de introdução, que trata de questões relacionadas à revisão do impacto das organizações participantes. O que elas fazem ainda é relevante? Elas conseguem demonstrar seu impacto? E comunicam esse impacto de forma convincente?
Partimos do princípio que, para captar recursos com qualidade, a organização precisa estar consciente de que seu sucesso em atrair recursos está diretamente relacionado ao seu sucesso em resolver problemas sociais e ambientais.

Para este módulo, convidamos os competentes consultores da Sense-Lab – Yurik Ostroski e Lucas Harada – para serem os facilitadores e articuladores do conteúdo.

Algumas conclusões, elucubrações e reflexões deixo aqui registradas, como forma de compartilhar nossos aprendizados:

Necessidade de articulação interna e externa. Há uma busca por mais integração interna e externa, em organizações de todos os tamanhos e tipos. “Fazemos muitas coisas, mas estão soltas. Precisamos fazer a amarração entre tudo que fazemos”. Do ponto de vista interno, utilizamos a Teoria de Mudança como ferramenta, o que foi muito efetivo no sentido de trazer à tona a percepção de desconexão interna. Do ponto de vista externo, as OSCs percebem que há um vácuo de representação. “Quem nos representa? Quem nos defende em bloco?” foram perguntas que mobilizaram o debate.

“Quem cuida de quem cuida?” Há uma percepção quase generalizada que há uma gerência média que se sente muito pressionada e solitária. Abaixo dela, equipes pouco qualificadas e pouco engajadas. Acima dela, conselhos e diretorias antigos, com baixo conhecimento sobre o trabalho que é feito, com muito poder de decisão e pouca capacidade de apoio ao dia a dia.

“Problemas muito complexos e recursos muito escassos”. As OSCs parecem estar chegando em seu limite de estresse. Nos últimos 5 anos, os problemas sociais se tornaram mais agudos e complexos e, por outro lado, os recursos para resolverem estes problemas são mais escassos e de pior qualidade. Sempre costumamos dizer que é necessário primeiro projetar seus objetivos para, em seguida, saber que recursos são necessários para atingir estes objetivos. No entanto, parece que a falta de recurso chegou a tal ponto crítico que as organizações precisam de um mínimo para poder voltar a sonhar. É como se tentássemos fazer com que uma pessoa com fome nos diga qual o seu sonho para os próximos 5 anos. Ela certamente precisa, primeiro, do básico – comida, abrigo. O mesmo está acontecendo com as OSCs. Parece que emulamos a desigualdade social brasileira no nível institucional. As OSCs são os “pobres institucionais” do Brasil.

Precisa-se de conectores. No mundo complexo que vivemos, parece cada vez mais necessário identificar e formar, dentro das organizações, pessoas com capacidade para gerar conexões, fazer pontes, articular, integrar, traduzir, explicar. Comunicadores, facilitadores, pessoas com alto nível de inteligência emocional são, em nossa opinião, cada vez mais necessários em todas as organizações, mas principalmente no terceiro setor.

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