Museu de Favela preserva a memória das comunidades

O Museu de Favela foi um dos cases apresentados na seção ‘Conexões’ do terceiro fascículo da Coleção Mobiliza, que teve como tema “O desafio da sustentabilidade das organizações em uma democracia em transformação”. As três organizações apresentadas na seção estão em diferentes estágios de maturidade, mas têm em comum a aposta na inovação, seja em suas atividades e projetos ou na diversificação da mobilização de recursos e na busca pela sustentabilidade financeira. Conheça o Museu de Favela a seguir.

Fundado em 2008, um ano antes da chegada das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro, o Museu de Favela (MUF) é uma organização comunitária criada por lideranças das favelas Cantagalo, Pavão e Pavãozinho, localizadas na zona Sul da cidade.

Apesar de ter uma sede administrativa, a ideia do museu é usar o território para realizar seus projetos e atividades, que têm como foco o resgate e a preservação da memória e dos saberes culturais locais, das matrizes culturais africanas, nordestinas e indígenas da população brasileira.

Com um sistema de governança dividido em núcleos e o apoio de voluntários, o MUF conta com um banco de projetos, que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento comunitário. As atividades envolvem cursos de capacitação e economia solidária, eventos musicais, artísticos e instrumentais, exibição de filmes no Cine MUF, biblioteca itinerante, brinquedoteca, entre outras.

Além disso, projetos paralelos, como a restauração dos portais de entrada das comunidades, a parceria com universidades, e a inserção de QR Codes com descrição das obras de artes expostas, também contribuem para chamar a atenção para a comunidade.

Segundo Sidney Silva, diretor de Sustentabilidade e Articulação Institucional do Museu de Favela, a organização tem um banco de mais de cinquenta projetos e, a partir de um mapeamento de editais públicos e privados, vai encaixando as iniciativas.

“Hoje, o museu sobrevive através do nosso Sistema Integrado de Visitação: pessoas ou grupos nos procuram e agendam uma visita guiada. Nós temos uma taxa de visitação para os dois circuitos. O Casa-tela é um percurso a céu aberto com 27 obras de arte em grafite, onde contamos uma linha do tempo de ocupação das três favelas: Cantagalo, Pavão e Pavãozinho. Cada grafite é um recorte histórico da nossa comunidade. A ideia é que as pessoas possam visitar e reconhecer a favela como parte da cidade. Nosso foco é mostrar o que temos de melhor, trabalhando a conscientização da comunidade a partir do valor de pertencimento no território. Nós mostramos o que mantém a favela viva no Rio de Janeiro: se não fosse a cultura dentro desses territórios, estaríamos perdidos. Na nossa lojinha, vendemos produtos do MUF, como camisetas, canecas e postais, e também disponibilizamos um espaço para que artesãos da comunidade possam expor seu trabalho (com uma pequena porcentagem das vendas revertida ao museu). Além disso, estamos montando uma rede de Amigos do MUF. Por enquanto, temos um doador americano que contribui mensalmente com o museu”.

* As fotos utilizadas nessa matéria pertencem ao acervo do Museu de Favela. 

(*) A matéria é parte do terceiro fascículo da Coleção Mobiliza, que teve como tema: “O desafio da sustentabilidade das organizações em uma democracia em transformação”. Clique aqui para baixar a publicação completa.

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