Sua organização está preparada para captar recursos?

Desde a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Santos em 1543 – considerada por muitos a primeira entidade sem fins lucrativos brasileira -, a sustentabilidade institucional das organizações da sociedade civil (OSC) é um desafio que mobiliza o campo social. Quase 500 anos depois, e em tempos de severa crise política e econômica, o debate se aquece.

Provocadas por tantos desafios que o campo apresenta, e por tantas outras oportunidades emergentes, duas empresas se uniram para apoiar organizações da sociedade civil que buscam fortalecer suas estratégias de sustentabilidade institucional. Assim,  a Mobiliza e a Trackmob acabam de lançar a plataforma Avaliação de ONGs, já disponível em ambiente de testes. O lançamento oficial acontece no dia 7 de novembro, em evento em São Paulo (SP).

A iniciativa propõe a seguinte pergunta: Sua organização está preparada para captar recursos? Isso significa pensar além dos planos pontuais de financiamento de projetos. Significa planejar e encampar estratégias autênticas de sustentabilidade financeira, que estejam densamente conectadas com o propósito da instituição. Ou seja, é primeiro olhar para dentro, para depois se comunicar com o mundo lá fora.

Rodrigo Alvarez, sócio-diretor da Mobiliza e idealizador do projeto conta que uma organização sustentável deve ser capaz de atrair e gerir recursos, focada no impacto social de sua intervenção no campo. “Se o recurso é bem investido, o impacto é gerado e comunicado de forma adequada, logo, o ciclo funciona bem e a organização cresce e prospera.”

E é este tipo de instituição que todo doador busca, seja ele de caráter individual ou institucional. De acordo com a Pesquisa Doação Brasil, de 2015, do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), as pessoas se sentem mais estimuladas a doar para iniciativas que atuem de forma transparente, com uma comunicação clara, construindo um ciclo de confiança – 74% dos entrevistados buscam informações sobre as organizações antes de doarem, por exemplo.

Ou seja, trata-se de um ciclo próspero. As chamadas mais sólidas do ponto de vista institucional tendem a atrair doadores e, assim, se desenvolverem. Fato!

O desafio da sustentabilidade

Mas o que caracteriza, na prática, uma organização sustentável? São diversos os fatores. Basicamente, estamos falando de uma combinação de recursos, impacto e inovação organizacional, capazes de garantir uma estrutura sólida, com procedimentos transparentes.

Parece complexo, especialmente considerando que muitas OSC operam com recursos escassos e, majoritariamente, com apoio de voluntários. Mas existe um caminho a ser trilhado que pode ajudá-las a fortalecer sua sustentabilidade institucional.

“Estamos falando em um exercício de autorreflexão, pensado em agregar, mesmo que aos poucos, mecanismos estratégicos que fortaleçam a gestão. Nesse sentido, o primeiro passo é o diagnóstico; é entender em que lugar a organização está. Para isso, pensamos um instrumento muito prático para ajuda-las a identificarem pontos de desenvolvimento para captar recursos e garantir a sua sustentabilidade”, explica.

A análise encontra eco na fala de quem está no campo, atuando com fortalecimento de organizações sociais e de base comunitária.  Sérgio Loyola, gerente de Desenvolvimento e Promoção Social da Fundação Salvador Arena, fala sobre a riqueza de insumos que uma instituição pode colher de um processo de diagnóstico. “Todo processo de autoanálise é importante, certamente, ou mais que isso: é necessário. Primeiro, porque a organização que desconheça ou ignore os seus propósitos e a sua origem é uma organização sem identidade. E, sem identidade, uma organização padece de transmitir confiança ao financiador.”

Sérgio pondera que é preciso entender onde se está para saber onde se pretende chegar.

“Organizações perdidas ficam à deriva, ao sabor do vento. E isso só aumenta a insegurança e o medo de empreender. O medo paralisa. Por isso é tão necessário que as organizações mobilizem energias, recursos e tempo para, continuamente, avaliar-se. Conhecer os seus limites para então ultrapassá-los, confiante e de modo sustentável. ”

 E como vai funcionar a plataforma?

Trata-se de um método simples e exclusivo, totalmente digital e confidencial. O sistema realiza avaliação, a partir das respostas, em tempo real. A análise gera, então, um índice comparativo com outras organizações. São quatro os critérios analisados:

  • Identidade & Inovação – Sua organização valoriza sua história? Veja se há clareza da sua missão e valores com todos os seus colaboradores e se sua organização está buscando constantes atualizações.
  • Gestão & Governança – Identifique se seus colaboradores participam do planejamento anual, se possuem clareza de suas atividades, recursos materiais e humanos e uma gestão financeira estruturada.
  • Comunicação & Transparência – Certifique que sua comunicação está clara para o seu público, assim como sua presença digital e transparência com relatórios de atividades e balanço anual da sua organização.
  • Modelo de Financiamento – Saiba como está a sustentabilidade financeira da sua organização, avaliando a diversidade de fontes de renda, estrutura, planejamento e execução das ações de captação de recursos.

Evento de lançamento

O lançamento oficial da plataforma acontecerá no dia 7 de novembro, a partir das 18h30, em São Paulo. A roda de conversa terá o tema “Modelo de Financiamento Autêntico” para organizações da sociedade civil e contará com a presença de diversos especialistas, como Celia Cruz, diretora-executiva do Instituto de Cidadania Empresarial–ICE, Fábio Deboni, gerente-executivo do Instituto Sabin e Val Rocha, coordenadora de relacionamento do Instituo Elos.

O evento marca também o lançamento do segundo fascículo da Coleção Mobiliza, que traz à tona uma série de reflexões e casos do campo social que podem contribuir com a ampliação da concepção do tradicional plano de mobilização de recursos. As vagas são limitadas e a inscrição pode ser feita até o dia 6 de novembro via formulário online.

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